8º Ano - Primeira República Francesa


Governo Republicano Francês

Primeira República Francesa foi proclamada em 29 de setembro de 1792 e um novo calendário é criado marcando o ano I da República e o IV Ano da Liberdade. O rei é Luís XVI é levado à guilhotina em 21 de janeiro de 1793, atitude que inaugura uma série de guerras contra a França pelas nações europeias temerosas do exemplo revolucionário.
Nessa onda de "medo" é formada em 1793 a Primeira Coligação, integrada por Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra contra a França. A presença da Inglaterra é justificada por disputas econômico-financeiras porque a França está iniciando o processo de industrialização sob liderança da burguesia.
Sob a guerra, os cidadãos assistiam a aumentos de preços e temiam ameaça contrarrevolucionária. É o início da ameaça aos ideais da Revolução Francesa. Assim, em 12 de junho de 1793, liderados por Marat, Hébert e Roux, os sans-culottes cercam a Convenção e prendem os líderes girondinos, permitindo que o Partido Jacobino assuma a Revolução Francesa.
Os jacobinos promulgam a nova Constituição de 1793 e que tinham as características mais democráticas de todas, concedendo voto aos maiores de 21 anos, independente da situação econômica. A nova Constituição, contudo, não foi aplicada porque em outubro de 1793 foram suspensas as liberdades individuais para a organização de um tribunal revolucionário montado para julgar os inimigos da república.

Lema

O lema da república francesa é a tríade liberdade, igualdade e fraternidade e integra o patrimônio do povo francês. Surgiu mesmo antes da Revolução Francesa e caiu em desuso durante o Império de Napoleão Bonaparte.
Na revolução de 1848, o lema ressurge, mas envolto em uma névoa de religião. E quando foi redigida a Constituição de 1848, o lema passa a ser definido como um princípio da República.
Assembleia Nacional Constituinte na Revolução Francesa
A proclamação da Assembleia Nacional Constituinte na França ocorreu no dia 9 de julho de 1789.
Dois anos depois, em 3 de setembro de 1791, foi adotada uma Constituição que encerrava o Antigo Regime e estabelecia a Monarquia Constitucional na França.

Constituição Francesa de 1791

A Constituição Francesa de 1791 tinha como características principais:

Forma e Regime de Governo

A monarquia seria o regime de governo, mas passaria a ser constitucional. A família Bourbon continuaria reinando e Luís XVI seguiria no trono.
O rei tinha poder de veto, era o Chefe das Forças Armadas e declarava guerra e paz.

Divisão de Poderes

A Constituição estabelecia a divisão de poderes, tal como os iluministas defendiam. Assim, a França passou a ter:
·                       Poder Executivo: exercido pelo rei
·                       Poder Legislativo: 745 deputados
·                       Poder Judiciário: juízes eleitos pelos cidadãos

 

Igualdade Civil

Houve a abolição do feudalismo e foi proclamada a igualdade civil, ou seja, foram suprimidos os privilégios e as ordens sociais. Ainda assim, a escravidão foi mantida nas colônias.
Os protestantes e judeus são reconhecidos como cidadãos.

Voto Censitário

Estabeleceu-se a forma de voto censitário baseado no critério econômico. Os cidadãos foram divididos em ativos, aqueles que poderiam votar; e passivos, que não participavam das eleições, como as mulheres, judeus e ex-escravizados.
Somente poderiam votar os homens, maiores de 25 anos, estabelecidos no mesmo endereço durante um ano e que pagassem um imposto equivalente a três dias de trabalho.
Votava-se para deputados nacionais, assembleias locais, juízes, chefes da guarda nacional e padres.

Por sua vez, para se candidatar era preciso ter uma renda equivalente a cinquenta dias de trabalho.


Trabalho

Os grêmios e corporações de ofícios foram suprimidos, assim como o direito de associação e de greve dos trabalhadores.

Religião

Em 1790 foi aprovada a Constituição Civil do Clero, no qual os padres passaram a ser funcionários civis subordinados e pagos pelo Estado. Igualmente, os padres deveriam prestar um juramento à Constituição.
Também foram confiscados os bens da Igreja, declarado o fim dos votos perpétuos e suprimidas as ordens religiosas.
Esse conjunto de leis foi ratificado pela Assembleia Constituinte de 1791 e incorporado à Constituição. Os antecedentes para a formação da assembleia nacional constituinte começaram com a convocação dos Estados Gerais.
Os Estados Gerais eram formados por:
·                       Primeiro Estado: clero, composto por cerca de 120 mil religiosos.
·                       Segundo Estado: nobreza e totalizavam aproximadamente 350 mil membros da nobreza palaciana, nobreza provincial e nobreza de toga – burgueses que compraram títulos de nobres.
·                       Terceiro Estado: burgueses e era integrado por ao menos 24 milhões de pessoas e sobre as quais recaíam os impostos. Não havia representantes dos camponeses neste segmento, embora eles pertencessem ao Terceiro Estado.

Convocação dos Estados Gerais

O rei Luís XVI nomeou o ministro Jacques Turgot (1727-1781) para realizar uma reforma tributária. O nome foi rejeitado e Calonne (1734-1802) aceitou a incumbência convocando a Assembleia dos Notáveis, formada pelo Primeiro e Segundo Estado.
O ministro propôs aos dois estados que abdicassem dos privilégios e passassem a pagar impostos para amenizar o caos financeiro vivido pela França. A dívida externa francesa chegava a 5 milhões de libras.
Novamente, a proposição foi rechaçada e um novo ministro, Jacques Neccker (1732-1804), conseguiu convencer o rei a convocar a Assembleia dos Estados Gerais, composta pelos três estados.
A ideia era de que o Terceiro Estado mantivesse a totalidade dos impostos, mas a massa urbana, com maior representatividade, rejeitou.
Com o impasse, em 20 de junho de 1789, o Terceiro Estado apoiado por alguns setores do Primeiro e do Segundo Estado, resolveu separar-se dos Estados Gerais. Assim, eles se autoproclamaram como a verdadeira assembleia dos franceses.
O rei Luís XVI proclamou a abertura da Assembleia Nacional Constituinte em 9 de julho de 1789. O soberano encontrava-se assombrado pela crise econômica, pelo fracasso da colheita de grãos atingida pela seca e o alinhamento dos pensadores franceses com a Independência dos Estados Unidos.
O objetivo era ganhar tempo e liderar as tropas para conter os revolucionários. No entanto, o movimento já estava nas ruas. Em 13 de julho, forma-se a Milícia de Paris, uma organização militar do povo e no dia 14 de julho, ocorre a Queda da Bastilha.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Como forma de conter o movimento, os deputados integrantes da Assembleia Nacional Constituinte reuniram-se entre 4 e 26 de agosto de 1789 para aprovar a abolição dos direitos feudais e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Inspirada em ideias iluministas, a Declaração prometia o direito individual à liberdade, à igualdade perante a lei, à inviolabilidade do patrimônio, da propriedade e o direito de resistir à opressão. Estes princípios estariam presentes na Carta Magna de 1791, mas o rei recusou-se a aprovar a Declaração.
Revoltadas, um numeroso grupo de mulheres foi a Versalhes exigir pão, o fim da ocupação de Paris pelo Exército e que o rei se mudasse para Paris. O soberano aceita as condições e passa a ser, praticamente, prisioneiro dos revolucionários.
Pressionado por todos os lados, o rei decide fugir com sua família, mas é descoberto na cidade de Varennes. Dali é escoltado pelo Exército de volta a Paris.
O Terror na Revolução Francesa
período do Terror (1792-1794) durante a Revolução Francesa foi marcado pela perseguição religiosa e política, guerras civis, e execuções na guilhotina.
Naquele momento, a França estava sendo liderada pelos jacobinos, considerados os mais radicais entre os revolucionários e, por isso, este período também é conhecido como "Terror Jacobino".

Características do Terror

 

Em 1793, a França havia instaurado o regime republicano e se via ameaçada por países como Inglaterra, Império Russo e Império Austro-Húngaro.
Internamente, as distintas correntes políticas como os girondinos, jacobinos e nobres emigrados, lutavam pelo poder.
Assim, a Convenção, que governava o país, adota medidas de exceção e suspende a Constituição da I República e entrega o governo ao Comitê de Salvação Pública.
Neste comitê, estão os membros mais radicais, chamados jacobinos, que fazem aprovar a Lei dos Suspeitos, em 17 de setembro de 1793, que deveria vigorar por dez meses.
Esta lei permitia deter qualquer cidadão, homem ou mulher, que fosse suspeito de conspirar contra a Revolução Francesa.
O período do Terror fez vítimas de todas as condições sociais e os mais célebres guilhotinados foram o rei Luís XVI e sua esposa, a rainha Maria Antonieta, ambos em 1793.

Guerra da Vendeia

 

A Guerra da Vendeia (1793-1796) ou Guerras do Oeste foi um movimento contrarrevolucionário camponês.
Na região francesa da Vendeia, os camponeses estavam insatisfeitos com os rumos da Revolução e da instituição da República. Foram chamados de “brancos” pelos republicanos, e por sua parte, estes eram os "azuis".
Os camponeses sentiam-se esquecidos pela República que prometera igualdade, mas os impostos continuavam a subir. Da mesma forma, quando os padres que não haviam jurado a Constituição foram proibidos de rezar missa, houve um grande descontentamento.
Assim, a população pega em armas sob a divisa "Por Deus e pelo Rei". Desta forma, o movimento é visto como uma grande ameaça pelo governo central e a repressão foi violenta.
O conflito entre brancos e azuis durou três anos e calcula-se que morreram cerca de 200.000 pessoas. Uma vez derrotado o exército rebelde, os republicanos passaram a destruir as aldeias e campos de cultivo, incendiar as florestas e matar o gado.
O objetivo era dar um castigo exemplar para que as ideias contrarrevolucionárias não se espalhassem pela França.

Terror Religioso

O terror jacobino não poupou os religiosos que se recusaram a jurar a Constituição Civil do Clero. Para eles, foram sancionadas várias leis que previam prisão e multas. Por fim, foi aprovada a Lei do Exílio, em 14 de agosto de 1792 e cerca de 400 padres tiveram que deixar a França.

Igualmente, foi posta em prática uma política de descristianização. Foi decretado o fim das ordens monásticas, igrejas foram requisitadas para dar lugar ao culto do Ser Supremo, o calendário cristão e as festas religiosas foram abolidos e substituídos por festas republicanas.
Aqueles monges que não deixaram os conventos eram condenados à morte. O caso mais conhecido foi o das Carmelitas de Compiègne, quando 16 freiras da Ordem do Carmo foram sentenciadas à morte por guilhotina, em 1794.

Medidas Sociais, Culturais e Econômicas.

 

Durante o período jacobino, além da violência, houve a aprovação de leis que acabaram moldando a França moderna. Alguns exemplos são:
·                       Abolição da escravidão nas colônias;
·                       Fixação de limites de preços de gêneros alimentícios de primeira necessidade;
·                       Confisco de terras;
·                       Assistência aos indigentes;
·                       Substituição do calendário gregoriano pelo republicano;
·                       Criação do Museu do Louvre, da Escola Politécnica e do Conservatório de Música.



Fim do Período do Terror

O partido jacobino sucumbia às disputas internas e os radicais tentavam intensificar as execuções nos tribunais em julgamentos sumários. Ironicamente, os representantes da ala partidária ao fim do Terror foram levados à guilhotina. Em 9 Termidor de 1794, o Pântano, facção da alta burguesia financeira, dá um golpe, toma o poder os jacobinos e envia os líderes populares Robespierre (1758-1794) e Saint-Just (1767-1794) para a guilhotina.
As disputas na França ocorrem sob os olhares dos líderes europeus ainda temerosos da evolução política. Por isso, em 1798 é formada a Segunda Coligação antifrancesa, que reunia Grã-Bretanha, Áustria e Rússia.
Temendo a invasão, os burgueses recorrem ao Exército, na figura do general Napoleão Bonaparte e este, em 1799, deflagra o Golpe de 18 de Brumário. Era a tentativa de restabelecimento da ordem interna e de organização militar contra a ameaça externa.

Golpe do 18 de Brumário: Napoleão Bonaparte Chega ao Poder

 

Golpe do 18 de Brumário de 1799 foi planejado pelo abade Sieyès (1748-1836) e por Napoleão Bonaparte. Napoleão depôs o Diretório usando uma coluna de granadeiros e implantou na França o regime do Consulado. Assim, três cônsules dividiam o poder: Bonaparte, Sieyès e Roger Ducos (1747-1816).
O trio coordenou a elaboração de uma nova Constituição, promulgada um mês depois e que estabelecia Napoleão Bonaparte como primeiro-cônsul pelo prazo de dez anos. A Carta Magna ainda lhe concedia poderes de ditador.
A ditadura foi usada para defender os franceses da ameaça externa. Os bancos franceses concederam uma série de empréstimos para apoiar a guerras e a manutenção das conquistas da Revolução Francesa.


Calendário revolucionário francês

Com a instauração da República através da formação da Convenção Nacional em 20 de setembro de 1792 e, principalmente, depois da chegada dos jacobinos ao poder, em 2 de julho de 1793, a Revolução Francesa se radicalizou, buscando transformar completamente a sociedade francesa.  Uma das medidas usadas para empreender essa transformação profunda foi a criação de um novo calendário, diferente do calendário gregoriano, símbolo do cristianismo e do Antigo Regime Monárquico que havia sido extinto. Ele foi adotado a partir de 1793, mas seu início marcaria a data de 22 de setembro de 1792, dia da instauração da República.
O objetivo era iniciar a marcação de uma nova era de ruptura com as tradições cristãs e mais próxima ao racionalismo burguês. O ano I, iniciado em 1792, era o ano da adoção da Constituição que havia instituído o sufrágio universal, a democratização.
A elaboração do calendário foi obra do matemático Gilbert Romme, que manteve a divisão do ano em 12 meses, mas com profundas alterações nas demais marcações. Os meses seriam compostos por trinta dias, divididos em semanas de 10 dias, que foram chamadas de decêndios. Os dias eram numerados de um a dez, recebendo os seguintes nomes: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e décadi. Posteriormente, cada dia receberia um nome específico, retirado de elementos da natureza como plantas, animais, pedras etc. A quantidade de dias dentro desses meses somava 360 dias. E havia ainda a defasagem entre o tempo do calendário e o tempo dos movimentos da terra e dos demais astros celestes. Para isso instituiu-se cinco dias de feriados, os dias dos sans-culottes, mantendo ainda a utilização do dia bissexto a cada quatro anos.
A marcação do tempo dentro de um dia também foi alterada com o estabelecimento do dia de 10 horas, contando cada hora com 100 minutos e cada minuto com 100 segundos. Pode-se perceber que a base do cálculo era a numeração decimal.
Para a denominação dos meses, os revolucionários pediram que o poeta Fabre d’Eglantine criasse uma nova denominação para cada um deles. Sua inspiração foi encontrada na referência às estações do ano, ficando da seguinte forma o calendário:
Outono
Vindimiário (vendémiaire, remetendo à colheita da uva): 22 de setembro a 21 de outubro;
Brumário (brumaire, remetendo às brumas, aos nevoeiros): 22 de outubro a 20 de novembro;
Frimário (frimaire, remetendo às geadas): 21 de novembro a 20 de dezembro.
Inverno
Nivoso (nivôse, remetendo à neve): 21 de dezembro a 19 de janeiro;
Pluvioso (pluviôse, remetendo às chuvas): 20 de janeiro a 18 de fevereiro;
Ventoso (ventôse, remetendo aos ventos): 19 de fevereiro a 20 de março.
Primavera
Germinal (germinal, remetendo à germinação): 21 de março a 19 de abril;
Florial (floréal, remetendo às flores): 20 de abril a 19 de maio;
Prairial (prairial, remetendo aos prados): 20 de maio a 18 de junho.
Verão
Messidor (messidor, remetendo às colheitas): 19 de junho a 18 de julho;
Termidor (thermidor, remetendo ao calor): 19 de julho a 17 de agosto;
Frutidor (fructidor, remetendo ao fruto, à frutificação.): 18 de agosto a 20 de setembro.
Os dias dos sans-culottes seriam entre 17 de setembro e 21 de setembro.

Este calendário eliminou ainda os feriados religiosos, bem como os domingos utilizados pelos cristãos como dia de adoração a Deus. O resultado foi a oposição da população ao calendário, já que a sua maioria era cristã. Com a chegada de Napoleão ao poder, foram ordenados o fim da utilização do calendário revolucionário e a volta do calendário gregoriano a partir de 31 de dezembro de 1805. O calendário revolucionário francês seria reutilizado somente nos dois meses de vigência da Comuna de Paris, em 1871.
Vídeo Aulas: https://youtu.be/9Ic7f_ER-2U Animação referente a Primeira República Francesa.
https://youtu.be/IVfsFeYKM-s Doc - Revolução Francesa I Parte.
https://youtu.be/ba_puXAqhC8 Doc - Revolução Francesa II parte.
https://youtu.be/LkjFG6Bbno8 Doc - Revolução Francesa III parte.
Atividade de aplicação: págs. 187 a 189.

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