7º Ano - Introdução aos impérios africanos
Desvendar os mistérios que
cercaram o passado humano através de pesquisas sobre a origem dos primeiros
povos da Terra é um desafio que instiga diversos pesquisadores. Para a
realização de pesquisas sobre o período pré-histórico da humanidade, os
estudiosos desenvolveram dois tipos básicos de estudos. A Paleontologia e a Arqueologia. Os paleontólogos estudam
geralmente os fósseis, que são as partes mais resistentes do corpo, como ossos
e dentes. Os arqueólogos estudam as criações do homem pré-histórico, como
instrumentos de pedra e metal ou peças de cerâmica, que ajudam a interpretar a
maneira como eles viviam.
Essas duas técnicas são
preponderantes no campo da pesquisa e foi através da arqueologia que um grupo
de estudiosos encontrou no continente africano alguns sítios arqueológicos que
ajudaram a compreender um pouco mais da Pré-História desse continente. Através
da análise dos objetos encontrados, os arqueólogos chegaram à conclusão de que
o local que hoje é a África do Sul foi habitado por grupos nômades que viviam
da caça e da pesca há mais de 100 mil anos.
Os povos chamados de berberes, por exemplo, foram considerados um dos primeiros povos
que habitaram o norte da África. Esse grupo também ficou conhecido pelo nome de
caucasoide. O termo caucasoide foi criado pelo estudioso Cristoph Meiners que, através dos
estudos do crânio, decifrava a região em que determinados grupos se
desenvolveram. Assim, caucasoides foram aqueles que viveram em diferentes
regiões do planeta, como Europa, Norte da África e Ásia Ocidental.
No Norte da África, os berberes desenvolveram-se ao longo
da costa mediterrânea, do Egito ao Atlântico. Ainda hoje existem povos
descendentes desse grupo que, segundo especialistas, são uma mistura de
diferentes etnias. Contudo, o termo berbere atualmente refere-se mais ao idioma
do que propriamente a uma etnia específica, pois é uma língua falada por
milhões de argelinos e marroquinos.
Os bantu também foram um dos
primeiros povos que habitaram o continente africano. As atuais regiões da
Nigéria e Camarões foram às localidades onde surgiu esse grupo que viveu no
período da Idade do Ferro. Eles foram responsáveis pela introdução de novas
técnicas que contribuíram para a formação das primeiras comunidades agrícolas.
O desenvolvimento da metalurgia e da cerâmica foram exemplos específicos das
invenções dos bantu, que ajudaram na escalada da evolução humana.
Fonte:
As Culturas e povos antigos da África
A cultura africana deve ser
observada sempre no plural, haja vista sua existência milenar e sua vasta
diversidade. Cumpre lembrar que a África não é um país.
A arqueologia
aponta a África como o território habitado há mais tempo no planeta. Isso resultou
na profusão de idiomas com mais de mil línguas, religiões, regimes políticos,
condições materiais de habitação e atividades econômicas.
Atualmente, o
continente africano ocupa um quinto da Terra, com mais de 50 países e quase 1
bilhão de habitantes.
Etnocentrismo, Eurocentrismo e Culturas Africanas.
É fato
conhecido que a história africana foi escrita e contada pelos colonizadores
europeus.
Os viajantes,
missionários e dirigentes coloniais foram os responsáveis pelos primeiros
relatos acerca da cultura dos povos africanos.
Assim, além
de serem capturados para alimentarem a escravidão colonial, estes povos foram
usurpados em todos os seus direitos, incluindo o de contar a própria história.
O “Etnocentrismo” e o “Eurocentrismo” nas
ciências europeias durante o século XIX são os responsáveis pela concepção das
culturas africanas.
Nesse viés,
elas são consideradas manifestações primitivas ou bárbaras, típicas dos
primeiros estágios da civilização.
Hoje, com as
independências dos países africanos, há um esforço de recuperação das tradições
culturais africanas, bem como a constituição de uma historiografia local.
Aspectos Gerais

Apresentação de Dança Africana em Porto Elizabeth, África do
Sul
As
manifestações culturais africanas sofreram uma intensa destruição pelos regimes
coloniais, o que leva as nações africanas modernas ao embate com o nacionalismo
árabe e ao imperialismo europeu.
Em se
tratando de culturas tradicionais, muito se preservou e se difundiu pelo
continente africano, especialmente devido aos fluxos migratórios pela África.
Isso
permitiu a preservação e a combinação de vários aspectos culturais entre os
povos do continente.
Ademais, vale
ressaltar também que boa parte destas culturas são baseadas em tradições orais,
o que não significa ausência de escrita.
Organização Política
Os povos
africanos podem ser nômades e vagarem pelo deserto ou se fixarem em território
para construir grandes impérios.
Também podem
ser formados por pequenas tribos ou grandes reinos, onde o chefe político e o
sumo sacerdote podem ser a mesma pessoa.
Seja
governado por clãs de linhagem ou por classes sociais específicas, estes povos
irão constituir grandes patrimônios materiais e imateriais presentes até os
dias de hoje.
Estes bens
refletem a história e o meio ambiente em que se originaram. Por isso,
representam aspectos das florestas tropicais, desertos, montanhas, etc.
Religiões Africanas
Em termos
religiosos, vários cultos estão presentes na África, com destaque para o islamismo e cristianismo. Além deles,
destacam-se as religiões tradicionais, muitas vezes vistas como prática de
magia e a feitiçaria.
Considerados
pelos europeus como povos animistas, uma parte dos africanos reverenciam os
espíritos das árvores, pedras, dentre outros, e aceitam a coexistência com
forças desconhecidas.
Cada povo
africano tem suas origens mitológicas para explicar suas origens. Estas
religiões tradicionais possuem, via de regra, um panteão e estão voltadas ao
culto dos antepassados e das divindades da natureza.
A forma mais
conhecida destas religiões envolve o culto aos Orixás (divindades de origem
Ioruba ou Nagô) e englobam uma ampla variedade de crenças e ritos.
Por
outro lado, as vidas materiais e espirituais nas religiões africanas tendem a
indistinção entre o sagrado e o profano. Estas dimensões são concebidas como
indissociáveis e inseparáveis.
Artes Plásticas

Máscaras em madeira africanas contemporâneas
Devemos
considerar que grande parte da produção artística tradicional africana era
feita para não ser vista e o material utilizado em sua confecção possuía um
valor simbólico muito grande.
Estas peças
podem ser esculpidas, fundidas, pintadas, trançadas, tecidas e utilizadas como
adornos corporais, trajes e itens de uso sagrado ou cotidiano.
Geralmente,
os produtos artísticos africanos representam os antepassados fundadores e
apresentam figuras geométricas, antropomórfica, zoomórficas ou
antropo-zoomórficas que ensinam a humanidade a produzir e se reproduzir.
Por sua vez,
as famosas máscaras africanas possuem desenhos elaborados e são utilizadas em
cerimônias e rituais.
O renomado
artista Pablo Picasso (1881-1973) se inspirou
grandemente nestas máscaras, bem como na iconografia africana, para criar um
estilo artístico conhecido como cubismo.
A metalurgia
era conhecida e utilizada para fabricar armas, ferramentas e adornos, sendo
mais comum nas regiões de savana.
Outro tipo
muito típico de produção artística africana são as esculturas em marfim (povos
Ioruba e Bakongo).
Dança e Culinária
Também são
muito conhecidas as danças e músicas tradicionais africanas, marcadas pelos
batuques e movimentos corporais bem acentuados, como o rebolado.
Por
fim, destaca-se a culinária africana, temperada com condimentos de aromas
fortes e picantes, com os quais se preparam pratos a base de carnes, legumes,
verduras, e até insetos.
É típico da
África o leite de coco, o óleo de palmeira, o inhame e o feijão, etc.
Principais Povos e Culturas da África

Pessoas cantando ao pôr do sol na aldeia de Nairobi, Quênia,
África
A principal
civilização africana foi sem dúvida a egípcia, que construiu o primeiro império
africano há mais de 5 mil anos.
As cerâmicas
de Nok (Nigéria) apontam para uma civilização muito desenvolvida que viveu do
século V a.C. ao século II d.C.
Mais adiante,
no século XIII, surge o poderoso Reino do Kongo. Outros povos, como os Berberes
(nômades do deserto do Saara) e os Bantos (região da Nigéria, Mali, Mauritânia
e Camarões) também constituíram grandes grupos populacionais na África.
Por fim, os
africanos começaram a ser colonizados pelos europeus a partir do século XV. Ao
atingir o século XIX, já estavam totalmente sob domínio das metrópoles
europeias até a segunda metade do século XX.
Fonte:
Vídeo
Aulas:
https://youtu.be/dlWDqETvUjo Os povos
africanos e seu início.
https://youtu.be/iLjq_5uy4AA - A África
e sua organização pré-colonização europeia. Se liga nessa História.
Exercícios
de aplicação, págs. 188 e 189.
1. Em uma roda
de conversa, leiam o trecho de a reportagem a seguir.
Poucas coisas
mudaram em nós nos últimos 200 mil anos. Naquela época, os primeiros seres
humanos modernos surgiam na África e começavam a se espalhar por outros
continentes. Eles eram praticamente idênticos aos mais de 7 bilhões de pessoas
que habitam hoje o planeta. De lá para cá, os únicos retoques que a nossa
espécie sofreu foram pequenas adaptações aos diferentes ambientes – mudanças
exteriores para lidar melhor com lugares mais frios, secos ou com ventos mais
fortes.
O lado triste
dessa incrível capacidade de adaptação é que as diferenças físicas foram usadas
para avaliar pessoas à primeira vista e atribuir-lhes qualidades e defeitos.
Milhões foram
escravizados, mortos ou discriminados por causa da aparência física.
[...]
Superinteressante. A ciência
contra o racismo. 9 nov. 2017. Disponível em:
<https://coc.pear.sn/UAwWS0c>. Acesso em: jul. 2019.
Um panorama
sobre a história da África mostra-nos que as primeiras sociedades humanas de
organização política e social complexa surgiram no continente africano, assim
como a própria existência humana. Além do intercâmbio comercial, a África
também presenciou interação com a Europa e a
Ásia desde a
Antiguidade.
A partir do século XV, no entanto, o intenso
contato com portugueses, que instalaram feitorias no litoral ocidental, gerou
uma série de consequências para os povos africanos, como a sistematização da
escravização para fins comerciais. No século XIX, a construção da ideia de uma
suposta superioridade europeia serviu como instrumento de dominação e
exploração das riquezas e dos povos africanos.
A história ocidental, contada, geralmente, pelo
ponto de vista dos europeus, construiu, ao longo de muito tempo, ideias
equivocadas sobre os povos africanos. Nas últimas décadas, porém, há um
movimento de valorização e de conhecimento da história do continente sob o
ponto de vista dos povos africanos, atentando-se, respeitando e valorizando a
diversidade étnica e cultural africana.
Pensando nisso,
e no que você conheceu no ano anterior e neste módulo, reflita com os colegas
sobre as seguintes questões:
A. De que
maneira a forma pela qual a história da África foi contada impactou a
construção de ideias equivocadas a respeito do continente e dos povos
africanos?
B. Por que
podemos afirmar que a visão que inferioriza a África e os milhares de povos que
nela surgiram está equivocada?
2. Explique
quais foram as consequências provocadas pelo crescimento das forças produtivas
africanas durante o Período Neolítico.
3. Uma
importante razão para que várias civilizações africanas alcançassem seu ápice
entre os séculos XII e XVI foi:
A. o
desenvolvimento de culturas originais, preservando seus aspectos mais típicos,
mesmo assimilando várias influências trazidas do exterior.
B. a chegada de
europeus ao continente africano, acompanhada da produção de documentação
escrita e de fontes arqueológicas.
C. o
desenvolvimento de sociedades complexas que consolidaram e fixaram etnias
africanas, como os pigmeus.
D. o aumento das
representações artísticas africanas, enfatizando-se as denominadas pinturas
rupestres.
E. a produção de
documentos sobre a costa ocidental africana pelos portugueses.
Comentários
Postar um comentário