9º Ano - Totalitarismo de Esquerda
Definição de Esquerda
Esquerda é o termo
usado para denominar um posicionamento político, partidário e ideológico que
tem como principal objetivo a defesa de interesses de grupos sociais e de
igualitarismo.
Do ponto de vista
político, quando se diz que uma pessoa é de esquerda significa que esta
concorda e compactua com os posicionamentos ideológicos deste espectro
político.
O que a esquerda defende?
A ideologia política
de esquerda defende que o controle feito Estado, através dos seus governos, é a
solução para que exista igualdade entre os cidadãos.
De acordo com essa
ideia, o Estado deve controlar o funcionamento de vários setores da sociedade,
além de ser responsável por proporcionar educação, saúde, trabalho e outros
direitos básicos aos cidadãos.
A ideologia de
esquerda defende, principalmente, as classes sociais menos favorecidas na
sociedade, ou seja, aquelas que necessitam de mais atenção e serviços públicos.
Os grupos de
esquerda também são conhecidos por apoiarem sistemas de reformas sociais, como
o socialismo e o comunismo.
Origem da esquerda no cenário
político
A origem do termo
“esquerda”, como um posicionamento político-ideológico, surgiu durante as
Assembleias Constituintes francesas do século XVIII.
Nessas sessões,
havia a clara separação entre os grupos burgueses e conservadores, que sentavam
do lado direito na Assembleia, por não gostarem da participação dos grupos
populares. As pessoas que pertenciam às classes mais humildes, e que eram
adeptas do evolucionismo, ficavam do lado esquerdo da sala.
A partir deste
cenário, o termo “esquerda” passou a simbolizar o ideal de luta pelos direitos
populares e pelos trabalhadores e a “direita” virou sinônimo de conservadorismo
e elitismo.
Esquerda e
direita atualmente
Com o passar do
tempo às definições de esquerda e direita foram se transformando e ganharam
novas interpretações. Atualmente, a definição de um posicionamento político é
mais complexa do que a antiga divisão entre esquerda e direita, porque surgiram
variações desses conceitos, de acordo com os pensamentos políticos de cada
grupo.
No cenário atual, as
variações, chamadas de espectro político, podem ir de extrema-esquerda,
esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita até extrema-direita.
Essa classificação também é conhecida como régua ideológica.
Muitas vezes o termo
esquerda também é usado para se referir a um grupo partidário que se opõe ao partido
político que está no poder. Assim, muitas vezes, direita pode ser o nome dado
para grupos partidários que apoiam o grupo político que está no governo.
Além disso, surgiram
outras ramificações dos posicionamentos de esquerda e direita, em diferentes níveis.
Partidos de esquerda, conforme suas variações ideológicas, podem englobar os
social-democratas, os socialistas democráticos, os ambientalistas e os
progressistas. Os autoritários e igualitários podem ser exemplos de partidos de
extrema esquerda.
Já os partidos de
direita normalmente envolvem os conservadores, os democratas-cristãos, os
liberais e os nacionalistas. Os grupos extremistas de direita defendem o
ditatorialismo, como o nazismo e o fascismo, por exemplo.
Variações
ideológicas
Existem ainda outros
grupos políticos específicos dentro da ideologia de esquerda, como a esquerda
liberal, que une princípios que pertencem ao liberalismo com princípios dos
movimentos de esquerda.
É importante saber
que podem existir variações entre as ideologias. Os partidos políticos podem
adotar, por exemplo, alguns princípios ou filosofias que não podem ser
enquadrados como sendo exclusivamente de esquerda ou de direita.
Diferenças entre esquerda e direita
na política
A esquerda defende o
igualitarismo, as implantações de políticas públicas e a luta pelos movimentos
populares, sociais e de minorias. Já a direita costuma se classificar como
defensora de mais liberdade individual, da preservação religiosa e da
conservação de antigas tradições.
Fontes:
O Stalinismo
O stalinismo é
definido pelos historiadores como um regime totalitário que
existiu na União
Soviética, entre 1927 e 1953, e foi
construído pelo líder do país Josef Stalin.
Esse governo realizou transformações profundas, na URSS, e realizou uma
implacável perseguição aos seus opositores.
A coletivização das terras soviéticas,
a industrialização do país, a perseguição
aos opositores por meio dos expurgos e a resistência
ferrenha contra os nazistas durante
a Segunda Guerra Mundial foram acontecimentos marcantes durante esse período.
Os crimes cometidos durante o stalinismo só foram denunciados após a morte de
Stalin.
Características do stalinismo
O
consenso dos historiadores é que o stalinismo foi um regime totalitário.
Algumas das características básicas desse governo são:
· Economia
controlada inteiramente pelo Estado;
· Governo
discricionário, baseado unicamente nas vontades do líder;
· Culto
à personalidade de Stalin;
· Criação
de um grande aparato de propaganda política;
· Criação
de um regime de terror que impôs perseguição aos opositores do regime;
· Perseguição
à religião;
· Militarização
da sociedade;
· Burocratização
do serviço público;
Imposição de censura etc.
Disputa pelo poder
Os
historiadores consideram que Stalin tornou-se governante efetivo da União
Soviética a partir de 1927. A disputa pelo poder foi iniciada quando a saúde
de Lenin começou
a se deteriorar, entre 1922 e 1923, por conta de um derrame. Naquele
momento, quatro postulantes disputavam a posição de novo secretário-geral da
União Soviética: Stalin, Kamenev, Zinoviev e Trotsky.
Nesse
momento, Stalin já tinha uma posição privilegiada no interior do
partido, mas não era o favorito de Lenin. O historiador William P.
Husband afirma que, antes de morrer, Lenin preocupava-se com a
possibilidade de Stalin ser o seu sucessor por ser muito rude|1|.
Após quatro anos de disputa pelo poder, Stalin firmou-se no poder ao garantir a
expulsão de seus adversários do partido.
Uma
vez estabelecido enquanto figura incontestável no poder, Stalin
começou a realizar as mudanças que desejava fazer. Seus focos foram
acabar com as classes sociais, voltando-se contra os ricos, industrializar a
União Soviética, planificar a economia e silenciar seus opositores.
Iniciava-se então o stalinismo.
Economia stalinista
A
economia stalinista era uma economia inteiramente planificada, ou
seja, estava concentrada nas mãos do Estado. Stalin interveio diretamente na
agricultura, realizando transformações profundas nessa área e investiu
maciçamente na industrializando exigindo um grande esforço da população nos
dois casos.
Plano Quinquenal
Quando
Stalin assumiu o poder, em 1927, a indústria soviética ainda era frágil e, por
isso, Stalin impôs um plano que cobrava um grande esforço de todo o país para
promover uma industrialização em escala acelerada. O plano de
industrialização da União Soviética ficou conhecido como Plano Quinquenal, um
plano que criava metas que o país deveria alcançar a cada cinco anos.
O
primeiro plano quinquenal foi lançado em 1929 e
substituiu a Nova
Política Econômica, o antigo plano econômico soviético. Stalin aboliu as
iniciativas de abertura da economia soviética para o capital privado, voltou-se
contra as classes sociais mais ricas, aumentou impostos de empresas privadas e
passou a exigir um grande esforço dos trabalhadores para promover a
industrialização.
O
Plano Quinquenal priorizou o desenvolvimento de áreas relacionadas à indústria
pesada, como a metalurgia e siderurgia, além de dar grande atenção
para a extração de combustíveis fósseis e para a produção de
energia elétrica. O Estado soviético passou a cobrar que metas
extremamente exigentes fossem alcançadas e isso exigiu um esforço enorme dos
trabalhadores.
O
historiador Eric Hobsbawm define que as exigências feitas pelo governo
stalinista exigiam “sangue, esforço, lágrimas e suor” da população soviética|2|.
O grande esforço pela industrialização, por sua vez, gerou milhões
de novos empregos e aumentou a quantidade de proletários na União
Soviética, o grupo que mais apoiava o regime.
Apesar
das duras exigências, os resultados, porém, foram expressivos, e a produção
industrial da União Soviética aumentou consideravelmente. O sucesso dos planos
quinquenais foi tão grande que, em poucos anos, a União Soviética tinha se
transformado em uma grande potência industrial. O poderio
industrial e o grau de exigência dos trabalhadores soviéticos durante o
stalinismo foram percebidos, principalmente, nos anos da guerra.
Coletivização da terra
A
coletivização da terra foi outro grande esforço realizado pelo Estado
stalinista no âmbito da agricultura. Revolucionou-se a forma como a produção
agrícola acontecia e atacou-se as classes de camponeses ricos que existiam no
interior soviético. A coletivização da terra foi feita à força,
e a resistência a esse processo foi tratada com brutalidade.
A
coletivização da terra foi imposta junto do primeiro Plano Quinquenal, em 1929,
e pode ser definido, basicamente, como processo de expropriação de terra,
abolindo a propriedade privada no campo e transformando tudo em propriedade do
Estado. A função dos camponeses era a de aderir às terras tomadas pelo Estado e
alcançar as metas de produção estabelecida.
As
terras tomadas eram transformadas em fazendas coletivas e tudo que existia
nelas, como as ferramentas, as sementes e o gado, pertenciam ao Estado. A
tomada de terras gerou resistência, sobretudo dos camponeses ricos, conhecidos
como kulaks. Essa
oposição ao processo de coletivização foi tão grande que só na Ucrânia foram
registrados quase 1 milhão de atos contrários, só no ano
de 1930 .
A
ação de Stalin contra os kulaks era simples: o desejo era
acabar com essa classe. Quanto mais eles resistiam, mais dura tornava-se a ação
estatal, e as medidas tomadas pelo Estado contra essa classe foram de
colocá-los para trabalhar em terras inferiores, transferi-los para locais longe
de suas casas ou enviá-los para campos de trabalho forçado, caso resistissem.
O
historiador Timothy Snyder afirma que, no total, cerca de 1,7 milhão de kulaks foram
deportados para campos de concentração, e Lewis
Siegelbaum afirma que cerca de 3 milhões de pessoas passaram por um processo
de deskulakização. Algo importante a ser abordado é que, do ponto
de vista do governo stalinista, qualquer camponês que resistia à coletivização
era considerado um kulak.
A
coletivização foi, no entanto, desastrosa. As metas
estipuladas eram tão altas que, frequentemente, os camponeses tinham suas
sementes tomadas pelo Estado. Além disso, as fazendas coletivas mostraram-se,
em grande parte, não tão produtivas quanto se esperava. O resultado óbvio disso
foi a fome.
Os
historiadores discutem se a fome causada pela coletivização foi proposital ou
não, e o historiador Timothy Snyder sugere que, pelo menos no caso
ucraniano, a fome foi proposital. O objetivo disso era enfraquecer a
população para acabar com qualquer tipo de oposição às políticas stalinistas.
O
resultado da Grande Fome que atingiu a União
Soviética foi terrível, e Timothy Snyder aponta que, até 1933, cerca de 5,5
milhões de pessoas haviam morrido de fome e
aproximadamente metade dessas mortes aconteceu só na Ucrânia. Essa fome que
levou à morte de milhões de ucranianos ficou conhecida como Holodomor.
Grande Terror
O
Grande Terror é a fase do stalinismo que se estendeu de 1936 a 1939 e também é
conhecida como Grande Expurgo. Mas é importante frisar
que os expurgos stalinistas não aconteceram exclusivamente nesse período, eles
aconteceram durante todos os anos do stalinismo, mas foram maiores nesse
período citado.
Os
expurgos realizados no stalinismo eram ações dignas do “autocrata de
ferocidade, crueldade e falta de escrúpulos excepcionais” que era Stalin na
definição de Eric Hobsbawm|7|. Os expurgos promovidos durante o
stalinismo tinham como grande objetivo eliminar elementos
não-marxistas, eliminar minorias étnicas que
resistiam ao poder de Moscou e eliminar a oposição no interior do
partido.
Aconteceram
expurgos contra a intelligentsia, as elites intelectuais que ocupavam
postos de comando, mas que não eram da classe proletária. Houve também expurgos
em locais, como a Ucrânia contra a minoria polonesa, houve expurgos no campo,
no interior do partido, no exército soviético etc.
Esses
expurgos poderiam resultar no envio de pessoas para as gulags, campos
de trabalho forçado que eram construídos em locais remotos da Sibéria e do
Cazaquistão. Outros, porém, eram rapidamente executados pela NKVD,
a polícia secreta soviética. O saldo de execuções durante todos os anos de stalinismo
ultrapassaram a casa dos milhões, mas, durante o Grande Terror, esse número foi
de 681.692, segundo Timothy Snyder|8|, e 685.660,
segundo Lewis Siegelbaum|9|.
Os
historiadores discutem as motivações de Stalin ao
ter promovido essa quantidade gigantesca de expurgos, e dois eixos apontam dois
motivos: destruir qualquer tipo de oposição ao seu regime, fosse ela motivada
por questões econômica, políticas, étnicas, ideológicas etc., fosse para acabar
com a burocratização no interior do Estado soviético.
Eric
Hobsbawm sugere que, durante os anos de stalinismo, o governo tenha sido responsável
pela morte direta de 10 a 20 milhões de pessoas e apresenta um
dado que aponta que a população soviética em 1937 era 16,7 milhões menor do que
o previsto pelo governo, o que sugere que até esse ano, o número de mortes
causadas pelo governo pode ter sido aproximadamente essa.
Segunda Guerra Mundial
A Segunda
Guerra Mundial foi um capítulo especial da história do stalinismo.
Poucas vezes na história, o mundo presenciou uma mobilização tão grande na
defesa de uma terra contra um inimigo em comum. Os soviéticos chamam a Segunda
Guerra Mundial de Grande Guerra Patriótica e, no
conflito contra os alemães, os soviéticos mostraram seu poder de resistência e
Stalin mostrou por que se autodenominou de “feito de ferro”. Ele teve nervos
para aguentar toda a pressão da guerra, mas também exigiu um
enorme sacrifício dos soviéticos.
A
guerra entre alemães e soviéticos era algo iminente, apesar da existência de um
acordo de não agressão entre os dois países. Stalin imaginava que o ataque
viria em meados de 1942 e, por conta disso, ignorou diversos avisos acerca dos
planos alemães para invadir o território soviético já em 1941. O historiador
Antony Beevor alega que Stalin ignorou,
provavelmente, mais de 100 advertências de que o
ataque alemão era iminente já em 194|.
Os
alemães, por sua vez, animados pelas conquistas realizadas entre 1939 e 1941,
realizaram um grande esforço para lançar o ataque contra os soviéticos em junho
de 1941. A ideia era conquistar a URSS em até 12 semanas. O ataque foi
organizado na Operação
Barbarossa e mobilizou mais de 3 milhões de soldados, além de
blindados, peças de artilharia e aviação de guerra.
Os
soviéticos foram pegos despreparados e, por isso, os alemães avançaram
continuamente pelo território soviético no verão de 1941. Em meados de
dezembro, o ataque alemão tinha perdido força e a resistência soviética começou
a equiparar-se com a força dos ataques alemães. Instigados por Stalin, os
soviéticos transferiram milhares de indústrias do oeste soviético para a região
dos Urais e milhões de soviéticos foram convocados das regiões mais inóspitas
possíveis.
Com
a capacidade industrial em crescimento, graças à mobilização de mulheres para
trabalhar nas fábricas, e um volume gigantesco de soldados utilizados, os
soviéticos – a um custo altíssimo – expulsaram os alemães de seus territórios.
No auge, os soviéticos mantiveram mais de 11 milhões de soldados
no front, e
o custo da guerra cobrou dos soviéticos cerca de 25 milhões de
vidas entre soldados e civis.
Em
abril de 1945, no entanto, os soviéticos entravam
em Berlim para derrubar o nazismo e, depois de semanas de batalha,
conquistaram a capital alemã e colocavam fim ao nazismo. O esforço dos
soviéticos venceu a guerra e somente aquela sociedade brutalizada após anos de
stalinismo e décadas de privações seria capaz de suportar as exigências de
Stalin e da guerra.
Morte de Stalin
O stalinismo foi um
regime construído de acordo com as vontades e os objetivos de Stalin. Quando o
ditador soviético morreu, algumas das características desse regime permaneceram
em vigor na União Soviética, outras, no entanto, foram abandonadas quando os
crimes de Stalin foram denunciados e o culto à personalidade dele teve fim.
Os
últimos anos de vida de Stalin foram marcados por grande culto à
personalidade, uma vez que a vitória na guerra trouxe grande
popularidade ao líder. Mesmo nos últimos anos do stalinismo, os expurgos
continuaram e, após a Segunda Guerra, uns dos grupos que começou a sofrer com a
perseguição foram os judeus.
Stalin
faleceu, no dia 5 de março, em decorrência de um derrame cerebral. A morte do
líder comoveu a URSS, e seu funeral contou com a presença de milhares de
pessoas. O líder que assumiu a URSS depois da morte de Stalin foi Nikita Kruschev, o
responsável por denunciar os crimes cometidos pelo stalinismo.
Fontes:
Vídeo
Aulas:
https://youtu.be/yFAZQCZGKAk O
Stalinismo e suas contradições.
Exercícios de aplicação e
Propostos das págs. 219 e 220.
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